terça-feira, 24 de julho de 2012

O passado contagia o futuro?


Concordo com o colega Helder Moura, no caso de Campina Grande, o passado contagia o futuro.

Refiro-me ao pedido feito por três juízes eleitorais para que as tropas federais acompanhem o processo eleitoral em Campina Grande.
Considero um exagero, embora admita que a briga pelo poder em Campina sempre tem sido além da conta, com excessos, notadamente da militância política.

O episódio mais grave na cidade, em tempos de política, aconteceu em julho de 1950 e ficou conhecido como a “Chacina da Praça da Bandeira”.

Conta o site Retalhos Históricos de Campina Grande que naquele ano, Campina receberia figuras ilustres da política local para inauguração do sutuoso novo prédio dos Correios e Telégrafos (o atual), em plena campanha eleitoral, em um showmício com palanque montado na Praça da Bandeira.

Tudo começou ainda à luz do dia, quando entusiastas e correligionários da UDN (União Democrática Nacional), liderados por Argemiro de Figueiredo iniciaram uma passeata pelas ruas campinenses, à partir da entrada da cidade, em Santa Terezinha.

A marcha coletiva percorreu à partir da Av. Paulo de Frontin várias ruas até a Praça da Bandeira, local onde se realizara uma das maiores concentrações políticas de Campina Grande, em toda sua História.

O fato peculiar fora o fechamento do evento político com a apresentação de vários artistas da música, popular, consagrados nacionalmente, como Emilinha Borba, Luiz Gonzaga, conceituados artistas da áurea Rádio Nacional do Rio de Janeiro.

Como não poderia ser diferente, ao final do espetáculo, a multidão dispersa aglomera-se em pequenos grupos ao longo do epicentro da festa, encontrando pelo caminho grupos políticos rivais que se reuniam em outros pequenos grupos que já demonstravam clima de confronto.

Estes pequenos grupos de pressão assumiram o tom de provocação e formaram, expontaneamente, um novo movimento que percorreu as ruas centrais da cidade, em forma de passeata, onde apenas as vozes ardorosas dos entusiastas deram força aos partícipes.

Após circular estas vias, o movimento retornou à Praça da Bandeira onde, os líderes da passeata invadiram o palanque montado para o comício da oposição, ainda decorado com os motivos Udeenistas. Diante de tamanho atrevimento, começaram os discursos fervorosos onde, não muito tempo depois, inicia-se a desordem, seguida de pancadaria ao som de disparos de armas de fogo.

Uma pancadaria generalizada se instalou na Praça da Bandeira, com a participação popular e da polícia militar; em poucos minutos de contenda fora registrado um saldo de 03 mortos e cerca de 20 feridos graves e dezenas de feridos com escoriações leves.

As vítimas fatais foram o bancário Rubens de Souza Costa, espancado por policiais; o mecânico José Ferreira dos Santos; e Oscar Coutinho, mecânico da empresa pernambucana que instalava os elevadores do prédio dos Correios.

Acerca de tamanha tragédia testemunhada, o escritor Josué Silvestre transcreveu o que registrara o advogado Aluísio Campos, então presidente do PSB local: "Jamais sofri tamanho desapontamento. Nunca testemunhara facínoras fardados investirem de modo tão selvagem sobre o povo para matá-lo friamente."

Testemunhas alegaram que policiais fardados se ajoelhavam e faziam pontaria em direção à multidão.

Nos tempos atuais não há registros de natureza grave. Apenas casos isolados, de atritos entre simpatizantes de candidaturas opostas e nada mais.

O Exército, na minha modesta opinião, só deveria ser convocado para casos extremados ou ações sociais e humanitárias, como o combate à marginalidade em grandes centros urbanos; construção de rodovias, combate à endemias, etc.

Vavá Tomé caridoso
O candidato a vereador Vavá Tomé jura que, caso sela eleito vereador, vai doar todo o seu salário a instituições de caridade que combatem o câncer. A decisão foi até registrada no 5º Cartório. Só falta ele vencer!

É importante lembrar que houve um tempo que vereador não tinha salário. Acho que era um tempo bem melhor, pois os parlamentares não tinham a política como meio de vida.

Hoje é bem diferente de antigamente. Alguns se elegem para ter direito apenas a um bom salário que pode chegar a R$ 10 mil, incluindo gratificações e verbas destinadas a assessorias parlamentares. E se for amigo do gestor de plantão ou do Governador, aí as benesses são bem maiores.

Afronta?
A esposa do ex-governador Tarcísio Burity, senhora Glauce, está reivindicando que o Governo do Estado batize o Centro de Convenções de João Pessoa com o nome de Burity, por considerar que o Pólo de Cabo Branco foi iniciado pelo mesmo e não por Ronaldo Cunha Lima – nome sugerido por Ricardo Coutinho.

Para quem não se lembra, Ronaldo (já falecido), airou três vezes contra Burity, no conhecido episódio Gulliver.

São resquícios ainda do triste episódio que manchou a história política paraibana.

Sinceramente, acho que a homenagem a Ronaldo poderia ter sido relevada pelo Governador, mesmo a obra tendo tido a ação efetiva de Cássio Cunha Lima quando Governador.

Romero e Tatiana na frente
Se nas pesquisas o quadro é outro, no twitter o candidato Romero Rodrigues, está na dianteira com 7.818 seguidores, vindo em seguida Tatiana Medeiros com 4.545 e logo atrás Daniella Ribeiro com 3.650. Artur Bolinha só tem 1.803 pessoas lhe seguindo. Pode ser um termômetro para avaliar posições de cada um no cenário político?


Até a próxima amigos!

sexta-feira, 13 de julho de 2012

O Ronaldo que conheci


Após certo hiato, inevitável não escrever sobre Ronaldo Cunha Lima – o poeta de Augusto dos Anos.

Em Ronaldo, a alma de poeta falava mais alto e era difícil tentar conciliar a vida de “ilusões” com os ossos do ofício para administrar.

Quando prefeito, Ronaldo era frequentador assíduo do fiteiro ainda hoje instalado em frente ao Palácio do Bispo.

Conta o atual proprietário que Ronaldo, antes das audiências, sempre gostava de tomar uma “branquinha” – para espalhar o sangue.

O poeta não era alcoólatra. Longe disso.

Como todo boêmio – amigo de Asfora e Edvaldo Perico, Ronaldo sempre foi um bom degustador da nossa cachaça. Também jogo nesse time e não vejo nenhum demérito em apreciar o que é bom.

Anos atrás, reencontrei Ronaldo ao lado do humorista Shaolin e outros amigos no Bar da Galinha do bairro do Alto Branco, bem próximo da rádio Panorâmica FM.

Chamou-me a atenção ver Ronaldo, embora doente, fumando muito e tomando algumas doses de uísque.

Contam os amigos mais próximos que Ronaldo, quando Governador, determinou que os ajudantes de ordem sempre servissem do bom uísque a todo campinense que o fosse visitar  na Granja Santana.

Estive lá algumas vezes e nunca tomei do tal uísque.

Conheci Ronaldo bem jovem, apresentado por meu pai – o também poeta Apolônio Cardoso.

Meu pai sempre teve uma relação bem próxima com Ronaldo.

Na gestão municipal houve uma cachaçada na casa de Ronaldo, lá no Alto Branco. Fui até lá, afinal, era muito amigo de Shaolin (então colega de redação no jornal A Palavra).

Recordo-me de um Ronaldo cheio de vida, não se aguentando de rir em ver Shaolin o imitando com os olhos esbugalhados.

Um fato marcante desse dia foi ouvir Shaolin dizer para Ronaldo: “poeta eu só vou sair daqui quando fizer o pai de Josué der alguma risada” – é que meu velho não apreciava muito as piadas do humorista – questão de gosto.

Obviamente que Ronaldo será lembrado pelo bom homem que foi.

Só o fato de ter concebido o Parque do Povo e ter tornado Campina como a cidade do Maior São João do Mundo já é digno de louvores e reconhecimento de todos nós.

Campina ainda terá que prestar uma grande homenagem ao poeta Ronaldo.

Pra encerrar, reproduzo poema feito a duas mãos por dois poetas – Ronaldo e Raimundo Asfora – publicado no blog de Gilbran Asfora (filho de Asfora).

1986, 5 de janeiro, 4h50 da madrugada, Município de São João do Rio do Peixe- PB, hotel Brejo das Freiras, os Poetas Raymundo Asfora e Ronaldo Cunha Lima pegavam mais uma vez o sol com a mão. Pedem um papel, designam uma secretária ah doc e começam a fazer um soneto, dois cérebros, um só pensamento.

SONETO: IMPROVISO DO ETERNO AMOR


 Raymundo Asfora - Amor, que graves coisas, mais antigas
 Ronaldo C. Lima -  Se tornam hoje muito mais presente
                       RA - Será que eu sinto o que acaso sentes?
                       RCL - Se sentes todas emoções, que digas!
                       RA - Amor não sejam palavras só amigas


                        RCL - Sejam paixões eternas e frementes
                        RA - Ah! Muitos mais amor, que agora crentes  
                        RCL - Criamos um caminho, que o sigas.
                   

                       RA - Será o que fizemos de nós dois
                       RCL - E o que fizemos antes, e depois...
                       RA - Tudo será nós mesmos! Namorados!


                      RCL - Um pedaço de vida renascida
                      RA - A união integral da nossa vida.
                      RCL - Nossos sonhos, enfim, realizados.