sexta-feira, 13 de julho de 2012

O Ronaldo que conheci


Após certo hiato, inevitável não escrever sobre Ronaldo Cunha Lima – o poeta de Augusto dos Anos.

Em Ronaldo, a alma de poeta falava mais alto e era difícil tentar conciliar a vida de “ilusões” com os ossos do ofício para administrar.

Quando prefeito, Ronaldo era frequentador assíduo do fiteiro ainda hoje instalado em frente ao Palácio do Bispo.

Conta o atual proprietário que Ronaldo, antes das audiências, sempre gostava de tomar uma “branquinha” – para espalhar o sangue.

O poeta não era alcoólatra. Longe disso.

Como todo boêmio – amigo de Asfora e Edvaldo Perico, Ronaldo sempre foi um bom degustador da nossa cachaça. Também jogo nesse time e não vejo nenhum demérito em apreciar o que é bom.

Anos atrás, reencontrei Ronaldo ao lado do humorista Shaolin e outros amigos no Bar da Galinha do bairro do Alto Branco, bem próximo da rádio Panorâmica FM.

Chamou-me a atenção ver Ronaldo, embora doente, fumando muito e tomando algumas doses de uísque.

Contam os amigos mais próximos que Ronaldo, quando Governador, determinou que os ajudantes de ordem sempre servissem do bom uísque a todo campinense que o fosse visitar  na Granja Santana.

Estive lá algumas vezes e nunca tomei do tal uísque.

Conheci Ronaldo bem jovem, apresentado por meu pai – o também poeta Apolônio Cardoso.

Meu pai sempre teve uma relação bem próxima com Ronaldo.

Na gestão municipal houve uma cachaçada na casa de Ronaldo, lá no Alto Branco. Fui até lá, afinal, era muito amigo de Shaolin (então colega de redação no jornal A Palavra).

Recordo-me de um Ronaldo cheio de vida, não se aguentando de rir em ver Shaolin o imitando com os olhos esbugalhados.

Um fato marcante desse dia foi ouvir Shaolin dizer para Ronaldo: “poeta eu só vou sair daqui quando fizer o pai de Josué der alguma risada” – é que meu velho não apreciava muito as piadas do humorista – questão de gosto.

Obviamente que Ronaldo será lembrado pelo bom homem que foi.

Só o fato de ter concebido o Parque do Povo e ter tornado Campina como a cidade do Maior São João do Mundo já é digno de louvores e reconhecimento de todos nós.

Campina ainda terá que prestar uma grande homenagem ao poeta Ronaldo.

Pra encerrar, reproduzo poema feito a duas mãos por dois poetas – Ronaldo e Raimundo Asfora – publicado no blog de Gilbran Asfora (filho de Asfora).

1986, 5 de janeiro, 4h50 da madrugada, Município de São João do Rio do Peixe- PB, hotel Brejo das Freiras, os Poetas Raymundo Asfora e Ronaldo Cunha Lima pegavam mais uma vez o sol com a mão. Pedem um papel, designam uma secretária ah doc e começam a fazer um soneto, dois cérebros, um só pensamento.

SONETO: IMPROVISO DO ETERNO AMOR


 Raymundo Asfora - Amor, que graves coisas, mais antigas
 Ronaldo C. Lima -  Se tornam hoje muito mais presente
                       RA - Será que eu sinto o que acaso sentes?
                       RCL - Se sentes todas emoções, que digas!
                       RA - Amor não sejam palavras só amigas


                        RCL - Sejam paixões eternas e frementes
                        RA - Ah! Muitos mais amor, que agora crentes  
                        RCL - Criamos um caminho, que o sigas.
                   

                       RA - Será o que fizemos de nós dois
                       RCL - E o que fizemos antes, e depois...
                       RA - Tudo será nós mesmos! Namorados!


                      RCL - Um pedaço de vida renascida
                      RA - A união integral da nossa vida.
                      RCL - Nossos sonhos, enfim, realizados.







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